
Quase 2 meses sem postar, ritmo alucinante no cursinho buscando um lugar ao sol no hipermegamasterbig-concorrido MPU, o mais bombado de todos os tempos, não venho tendo muito tempo pra outras coisas fora a rotina massacrante do estudo. Mas decidi, por motivos força maior, fazer esse post explorando algumas idéias que exponho abaixo... Hoje o blog aborda temas mais sociais, mas claro que envolvendo música.
Qual seria o limite entre uma reação que é fruto das disputas de classe social (e deveríamos encarar tal reação com um reflexo desse detalhe social?) e aquilo que se chama educação - um mínimo de berço quanto ao "modo de se ter modos" perante os demais integrantes da sociedade? As classes sociais mais inferiorizadas, sem tanto acesso à cultura e educação de qualidade, diversão, saúde, trabalho, etc. devem ser encaradas como "coitadinhas" , vítimas do sistema falido de capital, ou com mais aspereza, no sentido de que se relacionar com o próximo com um mínimo de urbanidade, seja de onde ele for ou quem ele for, é obrigação de todo ser humano, independentemente do quão segregada uma classe/comunidade seja?
Dizem que a música é universal. Dizem que ela serve para muitas coisas, dentre elas aproximar e socializar os homens. Dizem que a música foi feita para que com ela o homem tivesse um meio de se expressar, de exprimir suas angústias, lamentos, sofrimentos, esperanças, alegrias e tristezas. Além disso tudo, sabe-se que quando um burro fala, os demais abaixam as orelhas. Acho que isso é de berço, né? Ou estou errado? Não há que se falar em berço quando este não existe, ou quando é comprometido por "n" fatores, frutos desse lance de classes sociais? Seria algo parecido com aquilo qaue em Direito chamamos de "fruto da árvore envenenada": Se a base é comprometida, o resto também ficaria necessariamente comprometido?
O post tomou um rumo meio social/filosófico, eu sei. Mas explico. Hoje toquei com a Casa Vermelha em um evento um tanto complexo de ser definido (ou não) na nossa querida cidade de Ceilândia - DF. É meio complicado para mim falar dessa cidade, uma vez que convivo com ela frequentemente, apesar de não morar lá. O fato é que o evento foi realizado em um setor da cidade dominado pela violência e pelo abandono social, o que fez com que a apresentação da banda fosse encarada por alguns "indivíduos da comunindade" (os "correria", como disse o Victor) como uma afronta à posição deles e o lugar onde eles vivem, ou algo do tipo. Gritos de "rock não é coisa pra Ceilândia não, malandro, aqui é lugar pra rap e hip hop" ou "vai pra tua casa, playboy, rock é coisa pra playboy de Taguatinga" ecoaram pelo público durante alguns momentos da apresentação, o que foi decisivo para uma apresentação ruim da banda, em que pese estarmos há bastante tempo sem ensaio. Particularmente foi muito descepcionante ser recebido dessa maneira, ainda mais pelo fato de estarmos ali para difundir nosso trabalho autoral, feito em português e com muito suor, como o rap deles... Quando fomos convidados a tocar ali, sinceramente não esperava que teríamos a mais calorosa das recepções, no sentido positivo da expressão, mas também não esperava tal aversão. Esperava um mínimo inerente a qualquer SER HUMANO: Respeito.
Claro, talvez os gritos emanacem de gatos pingados no meio do público; talvez nem fossem tantos assim que estivessem descontentes. Aliás, pelo que me lembro, os mais exaltados eram apenas uns dois, um em cada extremo do palco, seguidos pelos risinhos dos comparssas deles. Mas tal reação teve o poder de abater não só a banda, mas o restante da platéia, que continha até crianças e pessoas de família, pessoas que mesmo que se estivessem curtindo, visivelmente se sentiram constrangidas e murcharam junto com a banda.

Ao meu ver hoje não se pode mais tratar aqueles que insistem em se isolar e se definir como excluídos como coitados, como vítimas única e exclusivamente do embate social causado pelo capital ou pela ingerência do Estado. Hoje as chances estão aí, aqueles que realmente querem arregaçar as mangas têm sim um mínimo de futuro e de esperança de vencer minimamente na vida.
Portanto, mesmo que se mantida essa máxima de que "boi em curral alheio vira vaca" (expressão pega emprestada do Clodovil rsrsrsrs), acho que ainda se deve manter um mínimo de RESPEITO e EDUCAÇÃO. Afinal, aqueles que se sintam incomodados, que se retirem, não é mesmo!?

Resolvi editar esse texto pois a coisa tomou uma amplitude hoje que jamais passei em todos esses quase 10 anos em que lido com música e shows. Aquela turminha do "toca Raul" já deu há muito tempo, mas ainda persiste e insiste em ridicularizar o trouxa do músico, um cara que rala pra caramba pra poder estar ali tentando divertir a todos e passar sua mensagem. Os "correrias", se soubessem o quanto de correria o infeliz do músico tem que fazer pra poder se apresentar, talvez tivessem mais respeito e educação com a gente. Ou não, né. Afinal, "a gente é quem tem que entender o quão difícil é a vida deles, e todos os problemas que eles têm, e não querer meter o nariz onde não é chamado", não é mesmo!?
Fica a lição pra banda, mais uma. Ainda valhe, de certa forma, aquela conversa de cada macaco no seu galho. Fica ainda uma lição a quem quer que leia esse blog: Educação e respeito vêm de berço, ou se adquire na rua. Mas que voce as deve ter, deve. Não faz mal à ninguém... E a música agradece.
Abraço a todos
Incrível mesmo! Já fui a vários projetos, até por causa do meu trabalho, e já vi de tudo: Coisas que eu gosto, outras que detesto... Mas nunca ofendi ninguém... E acho absurdo quem o faça! Ridículo! O problema é que por mais que a situação do país mude, as pessoas não EVOLUEM CULTURALMENTE. Há espaço para tudo, para todas as "tribos" só não espaço para o respeito... Uma pequena minoria, entende e pratica essa evolução, mas é constantemente esmagada pela massa de pessoas desse tipo aí que vcs infelizmente depararam... Depois essa mesma massa se ofende, qdo fica sabendo de um comentário sobre o Brasil, do tipo lá só tem macaco e plantas.(se comparado a pessoas como os 'correrias' aqui, quem deveria se ofender eram os animais e as plantas).Falo de Brasil, pq é aquela velha história de mudar o o país, o estado, a cidade, o bairro, a sua casa, vc... Sinto mta vergonha do comportamento das pessoas da cidade onde moro. Mas vcs não precisam desses correrias a nao ser pra mostrar o qual importantes vcs são e EVOLUÍDOS tbm. Por mais que seja chato, desapeguem logo desse episódio, PORQUE VCS SÃO MTO MAIS QUE ISSO, e não é um 'correria' idiota que num dia infeliz que vai provar o contrário... E só pra constar Rafa,como te falei, eu estava doente e não pude ir, mas os idealizadores falaram que de toda forma tiveram que engolir mesmo o nosso velho e querido rock n' roll, pq quem fechou a noite foi o Terno Elétrico. E ainda (e infelizmente de novo) vcs não foram os únicos ofendidos pelos marmotasirritantescorrerias. Sinto muito mesmo, de verdade, preferia ler outra coisa. Entretanto oq li foi verdade, mas outra verdade é que vcs são demais! E desse episódio da carreira da banda, só deve restar aprendizado, assim somado ao trabalho sincero e a boa vontade de vcs, terá valido a pena... Ainda que a duras penas...
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